sexta-feira, 17 de outubro de 2014

10 conselhos valiosos sobre vacinação

A importância de cada dose, quando vacinar prematuros e mais oito dicas preciosas para manter a imunização do seu filho em dia.
1. Seu filho deve estar saudável na hora de ser vacinado. Porém, doenças leves, não febris, não devem ser causas de atrasos vacinais.

2. Se na aplicação da primeira dose de qualquer uma das vacinas a criança manifestou uma reação alérgica grave, é preciso pedir orientação ao pediatra antes de administrar as próximas doses.

3. Siga à risca as recomendações médicas após determinadas vacinas. Um dos efeitos possíveis da vacina tríplice viral, por exemplo, é diminuir temporariamente o número de plaquetas no sangue. Nessa circunstância, medicamentos à base de ácido acetil-salicílico, de efeito analgésico, são contra-indicados, pois podem estimular sangramentos.

4. Os pais de bebês prematuros devem tomar cuidados adicionais em relação à vacinação dos pequenos. Não se dá aos prematuros vacinas feitas com vírus vivos. “O objetivo é não dar margem às reações”, afirma a pediatra Soraya Malafaia Colares, supervisora técnica da Clínica de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A vacina BCG não é feita em crianças com menos de dois quilos. No caso da vacina contra a Hepatite B, ela é aplicada, mas não se considera como feita e é repetida mais tarde.

5. Não atrase o dia da vacinação. Esta é a única maneira de garantir que a criança esteja sempre protegida. No caso da vacina do rotavírus, o prazo precisa ser especialmente respeitado: a segunda dose só pode ser aplicada até os 5 meses e 1 semana. Nesse caso, a recomendação se deve porque a vacina só foi testada e aprovada para essa faixa etária. Além disso, a vacinação é a melhor maneira de evitar as doenças infecciosas mais comuns e graves da infância. Antigamente, muitas dessas doenças matavam de forma corriqueira, e foi a vacinação em massa que fez com que a ameaça diminuísse. Com as vacinas, tornou-se possível prevenir, se antecipar aos microorganismos e, assim, dar uma vida mais tranquila aos pequenos.

6. É importantíssimo que a mãe esteja com a criança durante a vacinação por, pelo menos, dois motivos: para dar segurança ao pequeno e para ser orientada sobre as possíveis reações da vacina e como proceder nesse caso.

7. Recomenda-se que a criança esteja vestida com uma roupa confortável e fácil de ser tirada, para facilitar na hora da picada.

8. Depois de tomar as vacinas, as crianças podem voltar normalmente para a escolinha ou berçário, mas é importante que os cuidadores sejam avisados de que a criança foi vacinada.

9. Se a família está saindo de viagem, deixe a vacina para a volta ou se programe para fazê-la uns dias antes. Não é recomendado viajar com a criança recém-vacinada.

10. As vacinas que são feitas em mais de uma dose devem ser dadas com o intervalo mínimo de dois meses. A razão disso está no funcionamento do nosso sistema imunológico. A cada dose da vacina (que é feita justamente com pedaços dos microorganismos que causam as doenças), o nosso sistema imunológico identifica esses pedaços do potencial agressor e produz anticorpos contra eles. Dois meses é o prazo para se ter essa “resposta” do organismo. Com uma dose, alcança-se um determinado nível de proteção. Com a segunda dose, a proteção aumenta ainda mais, pois os níveis de anticorpos vão ficando mais altos. Com a terceira dose, em muitos casos, chega-se à proteção completa.

[Suzana Dias - bebe.abril]

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Amamentar é preciso.

Calma e persistência, além da pega correta, são fundamentais para o sucesso da amamentação

Peito dolorido, leite vazando e os palpiteiros de plantão dizendo que o bebê está chorando de fome. Isso sem falar no cansaço por ter de acordar de madrugada. Amamentar não é tão natural – ou instintivo – quanto parece. Mas a boa notícia é que os problemas fisiológicos (como o mamilo invertido) que possam atrapalhar o aleitamento são raros, ou seja, a maior parte das mulheres está apta a ao aleitamento. Então, por que apenas 41% das crianças brasileiras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são amamentadas nos primeiros seis meses de vida? “A principal dificuldade é a pega (a maneira como a criança abocanha o seio da mãe) de maneira correta”, afirma Luciano Borges, pediatra do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Isso porque, de acordo com o especialista, se o bebê não sugar corretamente, pode machucar a mama e/ou mamar pouco. Além de sentir dor (ou até mesmo ter uma inflamação por causa de uma fissura no seio), a mulher começa a achar que seu leite é insuficiente ou, pior, que ele é fraco. Outra consequência da pega incorreta é o bebê engordar menos do que o esperado, por não estar mamando o quanto deveria. E aí, quem é que vai ter coragem de dizer não ao pediatra, se ele sugerir o complemento com fórmula infantil? Calma! Veja, a seguir, dicas para você aprender a amamentar (isso mesmo) e enfrentar as dificuldades que vão surgir.


Como preparar (e cuidar) dos seios

Por causa dos hormônios, a pele dos mamilos sofre mudanças já na gravidez: eles ficam escuros e espessos. Ainda assim, vale a pena tomar sol na região para deixá-los mais resistentes. Passe hidratante apenas em volta das aréolas. Quando você já estiver amamentando, aproveite o efeito bactericida do leite e espalhe um pouco nos bicos, depois de cada mamada. Use absorventes de seio (e troque-os com frequência) para evitar que o sutiã fique úmido. Caso sinta os seios doloridos por causa do excesso de leite, você pode ordenhá-los manualmente ou com a ajuda de uma bomba ou extrator.


A tal da pega correta

Para sugar da maneira certa, o bebê tem de abocanhar toda a aréola (e não apenas o bico do seio). Dessa forma, o mamilo vai ficar próximo ao céu da boquinha dele. Os lábios da criança devem estar bem abertos, sendo que o inferior fica virado para fora, e o queixo encostado na pele da mãe. Se ela insistir em sugar apenas o bico, retire-o (coloque um dedo no canto da boca para “desprendê-la”) e comece de novo. Outra técnica eficaz é segurar a mama com a mão em forma de concha (faça um “C” ao redor da aréola) enquanto o seu filho está mamando.


Se rachar…

Caso note alguma fissura, converse com o médico. Ele pode indicar o uso de pomadas específicas ou apenas orientá-la a mudar de posição, de modo que a boca do bebê não toque na rachadura. “Mas na impossibilidade de amamentar a criança por alguns dias, o leite deve ser dado em um copinho e jamais na mamadeira”, alerta Borges, da SBP. Isso porque ela é mais fácil de sugar e o bebê pode recusar o peito, uma vez que se acostume com o acessório.


Onde amamentar

Já que o lado emocional tem tanta influência, principalmente no início, amamente em um local tranquilo. O ideal é uma cadeira ou poltrona, com apoio para os braços da mãe. A almofada de amamentação também é útil, mas você substituí-la por um travesseiro.


Conselho? Não, obrigada

Cerveja preta, canjica, água para matar a sede do bebê. Todo mundo tem uma dica imbatível sobre amamentação e muitas vezes elas são apenas mitos (como no caso das três que citamos) e só nos deixam mais inseguras. Acontece que o estresse pode influenciar na produção de leite, por isso, tente manter a calma. O apoio do companheiro e da família é fundamental: converse com eles e veja como podem ajudar. Seja trocando a fralda do bebê depois da mamada ou levando-o até você durante a madrugada. Lembre-se de que o primeiro mês de amamentação é crucial. Passado esse período de adaptação, tudo vai ficar mais fácil.



[Natura Mamãe e Bebê]

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Como combater uma febre alta e persistente

A febre não é uma doença e, sim, um sintoma que mostra que devemos ficar alertas. Ela vive cercada de mitos e às vezes são usados métodos poucos ortodoxos para combatê-la. A seguir, esclarecemos as principais dúvidas para que não só as crianças mas também os adultos possam dormir em paz.

O que é
Segundo a chefe de neonatologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, Desirée de Freitas Valle Volkmer, a febre é uma reação do organismo. "O processo acelera a produção de glóbulos brancos e de substâncias que combatem infecções. A elevação da temperatura faz parte do processo natural de combate." A temperatura corpórea considerada ideal varia de 36°C a 36,7°C. "Geralmente, ela é mais baixa pela manhã e mais alta no fim da tarde ou à noite. Alterações de até 1 grau podem ser absolutamente aceitáveis em condições normais", esclarece. É por isso que, quando a temperatura está entre 37°C e 37,5°C, a criança está subfebril ou com febrícula. A febre é caracterizada por temperaturas acima de 37,5°C a 37,8°C.

Por que aparece
O sintoma pode estar associado a uma série de doenças, mais comumente infecções bacterianas ou virais. De acordo com Sergio Eiji Furuta, especialista em pediatria e homeopatia e diretor da Associação Paulista de Homeopatia e da Associação Médica Homeopática Brasileira, o aumento da temperatura pode ser decorrente também de episódios corriqueiros, como excesso de roupas ou até exposição solar. "Como o sistema imunológico da criança é mais imaturo, ela tende a apresentar primeiro sintomas inespecíficos, como febre, perda de apetite, dores no corpo, mal-estar, para depois apresentar o quadro mais específico de localização da infecção", afirma Anna Julia Sapienza, pediatra do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.

Primeiro episódio
Se for a primeira febre do bebê, vale a pena telefonar para o pediatra para se tranquilizar e receber orientações, não apenas a respeito de remédios mas do que precisa ser supervisionado na criança: ânimo, apetite e sede, por exemplo. Enquanto não é detectada a causa da febre, é possível tentar diminuí-la com um antitérmico indicado pelo médico com base no peso da criança. Aumentar a ingestão de líquidos também é recomendado.

Como agir
Se a criança apresentara temperatura acima de 37,5°C, afrouxe as roupinhas e tire o excesso de casacos e mantas. Espere 30 minutos para medir a temperatura novamente. Se continuar mais alta que o normal, entre em contato com o pediatra, que vai orientar sobre o que deve ser feito, especialmente no caso de bebês de menos de 3 meses. Dependendo dos sintomas associados e do estado da criança, ele pode recomendar um antitérmico ou solicitar que ela seja levada para uma consulta de emergência.
No caso de criança com mais de 1 ano, Furuta orienta observar a evolução da febre e o comportamento dela nos primeiros dois dias. "As doenças infantis febris geralmente melhoram em alguns dias, mesmo sem tratamento. Deve-se procurar atendimento médico se o pequeno ficar abatido, na cama, sem querer brincar e, principalmente, se ele se queixar de dor de cabeça intensa, insuportável." A febre deve ser sinal de alerta quando, além da indisposição, a criança apresentar dificuldade para ingestão de líquidos, dor de cabeça, vômitos ou convulsão, manchas na pele, desconforto respiratório e extremidades frias. Se após 48 horas a febre persistir em intervalos menores que seis horas mesmo com a administração de antitérmicos, convém levá-la ao pediatra. "O melhor é que ela seja avaliada no consultório, e não no pronto-socorro, onde entrará em contato com outros pacientes, podendo contaminá-los ou ser contaminada por outra infecção", alerta Anna Julia.

Soluções caseiras
Segundo Anna Julia, o famoso banho frio deve ser substituído por um morno. "Banhos frios ou com álcool fazem com que a sensação de frio nos sensores de temperatura da pele mande uma mensagem ao cérebro para que eleve ainda mais a temperatura corporal." O banho pode até ajudar a trazer alívio, mas deve estar associado ao antitérmico. "No caso de persistência da febre após uma hora e meia do uso do antitérmico, pode ser utilizado outro de tipo diferente." Mas é sempre bom ligar pedindo ao pediatra que indique o melhor substituto.

Associação com doença mais graves
Na maior parte dos casos, a febre é sintoma de infecção não muito grave, que, se tratada de forma correta e rápida, é curada em alguns dias. Mas existem algumas doenças que, se não forem detectadas a tempo, podem trazer riscos à vida da criança, como broncopneumonia e meningite bacteriana.
A febre pode vir associada ainda à alta de temperatura abrupta seguida de convulsão, com palidez, enrijecimento dos músculos e perda da consciência. "Nesse caso, retire objetos que estejam na boca da criança, como chupeta ou alimentos. Não a segure, mas tente mantê-la com a cabeça de lado para evitar que se engasgue com a saliva", orienta Desirée. "Tente marcar quanto tempo a convulsão durou, pois é uma informação importante para o médico."

Febre persistente
Caso a febre persista por mais de 48 horas, o pediatra deve ser consultado. Se houver episódios recorrentes, como várias vezes por mês, o médico precisa investigar outras causas associadas ao sintoma, como doenças ligadas a reumatologia, oncologia, hematologia ou quadros infecciosos atípicos que, se não tratados, podem se generalizar. A partir daí, o diagnóstico dessa criança deve ser feito também por um especialista da área em que se encaixa o quadro clínico. Assim, é possível delimitar a causa da febre mais precisamente e prosseguir com o tratamento imediato

[Paula Montefusco/Revista CLAUDIA Filhos]

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Vaidade x Amamentação


Amamentação e vaidade são atitudes que levadas ao extremo podem não combinar. Ainda hoje podemos ver mulheres que não amamentam por medo de seus seios ficarem caídos ou “perderem” a cirurgia de aumento de seios que fizeram antes de engravidar.
As mulheres precisam buscar informações sobre o que faz os seios ficarem flácidos e, o mais importante, sobre os benefícios que a amamentação traz para quem amamenta – mamãe- e, principalmente, para quem é amamentado – bebê.
Vamos esclarecer. Primeiramente, a colocação de prótese de silicone não interfere na amamentação. A prótese é colocada abaixo da glândula mamária, não interferindo na produção e descida do leite e nem na pega correta do bebê.
A amamentação não deforma a prótese e nem deixa o seio torto. Como a prótese é colocada abaixo da glândula mamária, não tem como o bebê deformar ou “furar” a prótese com a boca.
Outra informação importante é que a amamentação não deixa o seio flácido e caído, independente de terem prótese ou não.
O fator essencial para que o seio da mulher se modifique é o genético (se sua mãe tem seios flácidos você também tem maior propensão de ter, independente da amamentação). Outro fator é o número de gestações (quanto mais filhos você tem, maior é o risco de seus seios ficarem mais flácidos, independente da amamentação), isso porque os seios crescem durante a gravidez e o “estica e volta” dos seios faz a pele não voltar como antes.
Os benefícios da amamentação para mamãe e bebê são enormes. Além de evitar alguns tipos de câncer, o vínculo entre mãe e filho é evidentemente maior. Já o bebê amamentado tem seu sistema imunológico melhor, ficando bem menos doente. O risco de ter alguma alergia é menor, assim como é menor também o risco de obesidade e de ter doenças cardiovasculares no futuro, entre outros motivos.
O triste é saber que um estudo da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (SACP) indicou que mulheres com implantes mamários são menos propensas a amamentar seus bebês. Isso porque acham que vai prejudicar o seio.
Amamentar e continuar bonita é possível. As mulheres apenas devem estar bem informadas e por isso é sempre bom expor ao médico dúvidas e medos para que mitos sejam derrubados, principalmente aqueles que podem prejudicar a saúde dos filhos. 
Bruno Rodrigues

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Chupar dedo ou chupeta: sucção não-nutritiva

O bebê que chupa o dedo ou a chupeta deve receber atenção dos pais para que o hábito não se prolongue prejudicando a criança

Chupar dedo ou chupeta é chamado de hábito de sucção não-nutritiva. O ato de sugar satisfaz o bebê afetivamente e gera um sentimento de prazer e de segurança. A sucção é um recurso que o bebê dispõe para se acalmar e é fundamental para o amadurecimento psíquico.
Geralmente a criança deixa de chupar dedo naturalmente. Entretanto, é possível que os pais tomem algumas medidas para evitar que esse hábito se prolongue durante a infância. Se o pequeno levar a mão à boca enquanto dorme e os pais estiverem perto, devem retirá-la com cuidado. Se a criança chupa dedo também durante o dia, enquanto está acordada, é essencial que os pais procurem substituir atividades em que ela fica de mãos vazias, por outras mais criativas como desenhar com lápis, giz, tinta, montar objetos, brincar de massinha de modelar. É interessante que os pais observem em quais situações a criança leva a mão à boca, assim poderão impedir mais facilmente, além de compreender quais circunstâncias geram mais ansiedade e medo, e poder conversar sobre isso com elas.
Pai segurando uma chupeta e bebê deitado - Foto: maxriesgo/Shutterstock.com
Brigar ou colocar substâncias com sabor/aroma fortes no dedo são medidas que não funcionam, além de poderem piorar o hábito. Discutir ou reclamar com a criança, expô-la na frente de terceiros, desencadeará mais ansiedade o que culminará no dedo na boca. Os pais devem proporcionar à criança um ambiente seguro e tranquilo, para que aos poucos ela possa substituir o hábito de chupar dedo para outras atividades que use as mãos. Se o pequeno não abandonar esse hábito com o passar do tempo pode ser útil levá-lo a um profissional. Crianças mais velhas devem ser levadas a um fonoaudiólogo, que em sua avaliação verificará a necessidade de um encaminhamento ao psicólogo.
E a chupeta? Até os dois anos a chupeta não deve ser vista somente como vilã, uma vez que ela conforta a criança na ausência do seio materno. Em geral, chupar dedo pode ser mais nocivo que chupar chupeta, uma vez que a chupeta pode ser jogada fora, esquecida, tirada pelos pais, enquanto o dedo está sempre disponível. É importante que os pais criem o hábito de tirar a chupeta da boca da criança depois dela dormir.
Mas, como acabar com o uso da chupeta? O processo pode ser iniciado com a visita a um odontopediatra. Existem alguns recursos que os pais podem lançar mão na hora de eliminar o uso da chupeta: avisar, aos poucos, que está chegando a hora de parar de chupar chupeta, propondo que a criança escolha outro acessório mais adequado para sua idade; evitar que o objeto fique tão disponível como antes (ofereça apenas na hora de dormir, por exemplo); criar histórias (fazer uso da fantasia sem medo!).
O ideal é que esse processo seja gradual e com colaboração da criança, minimizando os traumas,  evitando que se altere seu equilíbrio físico e psicológico. Os pais tem que ser pacientes e carinhosos, compreendendo o papel afetivo da chupeta na vida da criança!
Maria Cecília Schettino

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Imunidade em alta para o seu bebê

Os bebês nascem com o sistema imunológico cru. Assim como as habilidades de andar e de falar, essas defesas amadurecem com o tempo e à medida que a criança entra em contato com vírus e bactérias. Tanto que muitos pediatras acham comum que, até os 2 ou 3 anos, os pequenos apresentem de sete a oito infecções anuais. Especialmente se freqüentam desde cedo berçários e creches, onde a convivência com outras crianças e com os funcionários da instituição normalmente se encarrega de socializar as viroses. "O recém-nascido já tem o arcabouço de seu sistema de defesas pronto.

Mas é como um livro em branco onde ele irá escrever as receitas de como combater as infecções e outros agentes estranhos a seu organismo", explica Victor Nudelman, pediatra e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "A criança pode preencher as páginas em quatro ou em dez anos. Depende da exposição que terá a microrganismos potencialmente perigosos." Não é possível nem aconselhável manter o bebê numa redoma, evitando que pegue gripes e resfriados, porque são essas experiências que o ajudam a esculpir suas defesas. Mas o ideal é moderar essa exposição, especialmente no primeiro ano de vida, para não sobrecarregar o organismo ainda "inexperiente".Não significa, porém, que você deva ficar de braços cruzados esperando que seu filho escreva sozinho o livro de sua imunidade. Existem várias recomendações que, colocadas em prática já, o ajudarão a fortalecer suas defesas. Vamos a elas:

Valiosas regras de higiene
Lavar as mãos antes de pegar o bebê e esterilizar chupetas, mamadeiras, copinhos e brinquedos que vão à boca são cuidados que evitam a superexposição de seu filho a germes, bactérias e vírus. "Esses conceitos básicos muitas vezes são deixados de lado", observa a neonatologista Alice Deutsch, do Albert Einstein. Da mesma forma, convém evitar que pessoas gripadas fiquem muito perto do bebê nos primeiros meses. São precauções simples que preservam um pouco suas defesas ainda frágeis.

Proteção em cada mamada
Não é de hoje que você ouve dizer que não há nada melhor para o bebê do que o leite materno. Tanto que os especialistas recomendam que a criança seja alimentada exclusivamente com ele até os 6 meses de vida. Pois aí vai outro forte motivo para insistir nessa tecla: além de todos os nutrientes importantíssimos para o crescimento de seu filho, seu leite é fonte de várias substâncias que fortalecem as defesas dele. A começar pelo colostro, aquele líquido ralo dos primeiros dias. Uma das poderosas substâncias que ele contém é a imunoglobulina IgA, um anticorpo que se espalha pela mucosa intestinal infantil formando uma barreira bioquímica que impede a penetração no organismo de bactérias perigosas.Outra substância vital é o oligossacáride, um açúcar que estimula a proliferação de uma flora intestinal também disposta a combater tais bactérias. "Com essas substâncias, a criança amamentada fica mais protegida contra problemas como a diarréia", explica o pediatra Fábio Ancona Lopez, professor de nutrologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O leite materno também injeta no organismo do bebê milhões de glóbulos brancos, a principal célula de defesa do nosso corpo. "Além de tudo isso, é fonte dos chamados fatores inespecíficos, substâncias que potencializam o desempenho dos glóbulos brancos e dos anticorpos produzidos pela criança", completa. Mas não se desespere se não conseguir suprir as necessidades de seu filho até os 6 meses preconizados pelos pediatras - situação bastante comum entre mulheres que voltam ao trabalho depois da licença-maternidade. "Um período de quatro meses de amamentação exclusiva já é considerado satisfatório pela Organização Mundial de Saúde", tranqüiliza Lopez.

Frutas e legumes têm a força
O efeito é indireto, mas igualmente importante. Assim como o corpo, para se fortalecer o sistema imunológico precisa de vitaminas e sais minerais. "Eles ajudam a modular as reações químicas necessárias para a produção de anticorpos. Ou seja, se o organismo dispõe desses nutrientes nas quantidades ideais, consegue produzir uma resposta imunológica mais rápida", explica Nudelman. Uma alimentação balanceada, especialmente rica em frutas e legumes, principais fontes de vitaminas e sais minerais, é, segundo Ancona Lopez, suficiente para dar uma força extra - e preciosa - às defesas do pequeno. A maneira de conseguir isso é engatar um programa esperto de desmame, oferecendo a ele uma boa variedade de alimentos sólidos.

O poder restaurador do descanso
Pesquisas neurológicas mais recentes garantem que boas horas de sono são imprescindíveis para fortalecer o sistema imunológico. "Estudos feitos com ratos mostraram que depois de 72 horas sem dormir eles apresentavam alto risco de contrair infecção generalizada", diz o neurologista Mauro Muszkat, coordenador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo. A explicação é simples. Em primeiro lugar, se não dormimos direito, produzimos mais hormônios do stress, que acabam prejudicando o desempenho das células de defesa do organismo. Segundo, é durante o sono que fabricamos uma quantidade maior de substâncias que estão diretamente ligadas tanto à produção de anticorpos quanto ao desempenho dessas células. Portanto, certifique-se de que seu bebê durma o suficiente: de 16 a 20 horas por dia, no caso dos recém-nascidos; de 14 a 15 horas, incluindo as sonecas diurnas, para os bebês de 6 meses a 2 anos. Cuidar para que a criança tenha um sono de qualidade também é importante. O que significa proporcionar a ela um ambiente tranqüilo, sem barulho, com luz reduzida e que não incida em seu rosto.

Carteirinha de vacinas em dia
Elas são uma maneira de expor a criança ao agente infeccioso de forma controlada e, com isso, dar ao sistema de defesa a oportunidade de fabricar os anticorpos. Dessa forma, quando o bebê for exposto à bactéria ou ao vírus de verdade, seu organismo já terá como combatê-lo ou no mínimo amenizar os efeitos. "A maioria das vacinas utilizadas nos calendários de imunização recomendados pelos médicos e pelo governo tem eficácia próxima a 100%", diz o pediatra Roberto Bittar, da Cliap - Clínica de Imunização Pediátrica, de São Paulo. Para que seu filho se beneficie dessa proteção, porém, é fundamental vaciná-lo nas datas indicadas.O roteiro de prevenção começa com a vacina contra a hepatite B, cuja primeira dose deve ser dada ainda na maternidade. O mesmo vale para a BCG, que imuniza contra a tuberculose. A partir daí, você traça com o pediatra o caminho a seguir. Hoje em dia, quem tem disponibilidade de pagar um pouco mais para imunizar o filho em instituições particulares conta com vacinas de última geração, que apresentam várias vantagens. As combinadas, que reúnem num único produto a proteção contra várias doenças, estão nesse grupo. "A tendência é cada vez mais produzir vacinas com o maior número de combinações possíveis. Dessa forma, diminuímos o número de injeções que a criança toma e a necessidade de visitas freqüentes aos locais de imunização", observa Bittar. Um exemplo disso é a vacina conhecida como pentavalente, que engloba a Salk (contra poliomielite), a tríplice (coqueluche, difteria e tétano) e a Haemophilus influenzae (meningite e infecções generalizadas). Ela é dada em quatro doses: aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 18 meses. São portanto quatro picadas. Se optar pelas convencionais, seu filho terá que tomar 12 picadas. A Haemophilus influenzae inaugura ainda outra conquista: graças aos avanços tecnológicos que incorporou, pode ser aplicada já a partir dos 2 meses de vida. Antigamente, apenas crianças de 2 anos ou mais receberiam esse tipo de imunização. "Aí ela já não era tão necessária, pois as crianças correm maior risco de contrair as infecções que essa vacina previne justamente nos dois primeiros anos", conclui Bittar.

Como funcionam nossas defesas
Nossa estratégia de defesa começa com a pele, que reveste o corpo e barra os agentes agressores externos. "Mas é em nosso organismo que estão os soldados mais especializados em combater infecções e outras doenças", afirma Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. O exército mais numeroso é composto de glóbulos brancos, células "patrulheiras" que percorrem nosso corpo à procura de vírus, bactérias e outros invasores que possam causar algum dano. Identificando algum deles, elas imediatamente disparam uma ordem para a produção de anticorpos, as imunoglobulinas, cuja missão é eliminar o inimigo. Esses soldados de ataque são altamente especializados: para cada agente infeccioso, o sistema imunológico tem que bolar uma "receita" específica de anticorpos. "Se é a primeira vez que o organismo do bebê identifica o microrganismo, levará algum tempo para preparar a resposta. Mas automaticamente ele irá memorizá-la e, da próxima vez em que o vírus aparecer, será mais prontamente combatido", explica Sáfadi.

As armas que ele recebe ainda no útero
Nos últimos três meses de gestação, a mãe passa uma provisão de anticorpos para o bebê que o protegerá nos primeiros 6 meses de vida. "São anticorpos contra as doenças que ela já teve ou contra as quais foi vacinada, como o sarampo. Depois eles perdem a validade e caberá ao bebê fabricar as próprias defesas", esclarece Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Esse é mais um dos motivos para que a mãe faça um pré-natal caprichado e se previna contra os riscos de ter o filho prematuramente. "Os bebês prematuros são ainda mais vulneráveis a infecções, porque não contam com essa proteção imunológica adquirida ainda no útero", diz a neonatologista Alice Deutsch, do Hospital Israelita Albert Einstein, também em São Paulo.

A magia do toque
Que a massagem aprofunda o vínculo entre mãe e bebê pouca gente duvida. Mas vários estudos tentam verificar se esses toques teriam a capacidade de fortalecer o sistema imunológico da criança. "Existem indícios de que a massagem desencadeia alterações no sistema nervoso central, que teriam como reflexo a ativação ou modulação das defesas da criança", observa a enfermeira e psicomotricista Maria das Graças Barreto Silva, coordenadora do Grupo de Massagem e Estimulação de Bebês, do departamento de enfermagem da Universidade Federal de São Paulo. Mesmo que os efeitos na imunidade não tenham ainda comprovação científica, não custa tentar: no mínimo, será um momento de prazer compartilhado entre mãe e filho.


[bebe.abril]